domingo, 15 de março de 2009

"Agora a gente vai parar de brincar?"

"Agora a gente vai parar de brincar?", perguntam as turmas de pré-escola que estão prestes a iniciar o 1º ano. A dúvida cruel de nove entre dez crianças vem acompanhada de várias outras, que evidenciam a ansiedade que essa passagem pode causar: "Vamos fazer provas?", "Quem vai ser nossa professora?", "E lição de casa, tem todo dia?". Foto: Tatiana Cardeal "ESTE É NOSSO LIVRO" Carla, do 1º ano do Nossa Senhora do Morumbi, mostra a Rafaela, do pré, o material de Matemática Para diminuir a insegurança, diversas escolas organizam, nos meses finais do ano letivo, conjuntos de atividades que apresentam as especificidades da fase seguinte. A primeira providência - muitas vezes, a mais trabalhosa - é encontrar uma instituição de Ensino Fundamental disponível para receber os pequenos. Ajuda bastante se o contato for estabelecido entre os diretores ou coordenadores pedagógicos, que costumam ter uma visão mais abrangente dos horários e das rotinas de cada instituição. Projeto institucional - Rotina do 1º ano Maria Cristina Barbosa de Camargo, coordenadora da EMEB Alice do Lago Gonçalves Salvador, em São Bernardo do Campo, na Grande São Paulo, recorreu a essa estratégia para apresentar às 150 crianças da pré-escola como é uma escola onde farão o 1º ano. "Conversei com a coordenação de duas unidades de ensino da vizinhança. Uma delas gostou da idéia logo de cara. Aí, foi só combinar a data mais adequada", conta. Como as duas funcionam em prédios separados, Maria Cristina decidiu organizar uma visita guiada para que os pequenos pudessem conhecer professores e instalações - biblioteca, refeitório, laboratório de informática e salas de aula. "Essa atividade foi importante porque tudo na outra escola era maior, do número de salas à quantidade de estudantes. As crianças perceberam que a vida delas seria diferente, mas não se assustaram", aponta a coordenadora. Os mais velhos como professores Além do contato com essas novidades, a interação entre crianças de diferentes estágios ajuda a desmistificar a transição (leia o projeto institucional acima). Promovendo o encontro de meninos e meninas de 4 e 5 anos com os colegas de 1º ano, o Colégio Nossa Senhora do Morumbi, em São Paulo, desenvolve desde 2003 um projeto de entrosamento. Uma das atividades mais ricas é a roda de conversa. Nessas ocasiões, as docentes Elisabete da Silva Duarte, do 1º ano, Denise Falbo e Maria Cristina Costa, ambas da pré-escola, cuidam para que os estudantes mais velhos sejam os "professores", esclarecendo as dúvidas dos menores. "Nesses momentos, nossa função é apenas facilitar o contato entre a garotada, garantindo que a conversa não vire uma bagunça. A troca de informações na linguagem deles ajuda os pequenos a entender que o 1º ano não é coisa de outro mundo", conta Elisabete. Apesar de a reunião ser mais simples de organizar quando o Infantil e o Fundamental funcionam no mesmo lugar, basta planejamento para que ela aconteça entre escolas próximas. Uma possibilidade é reunir antes, em carta ou e-mail, as dúvidas dos menores para que os alunos vizinhos possam passar adequadamente as informações na hora da visita. Tanto melhor se a tarefa gerar registros escritos. Além de tranqüilizar os pequenos, ela funciona como uma boa proposta para os maiores em fase de alfabetização.

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